domingo, 10 de outubro de 2010

Relato: Parto de Nélia / Nascimento de Daniel - Parto Hospitalar

Oi gente,




Antes de tudo, quero agradecer MUITO a todas as mensagens, orações, velas (to sabendo de várias velas virtuais), mandingas e tudo o mais que vocês mandaram pra mim, porque acho que toda essa torcida foi mesmo muito necessária e colaborou para o final maravilhoso do meu parto. Como podem imaginar, cá estou eu, mais ocitocinada que nunca (também, depois de 24h de ocitocina sintética na veia, mais a que o parto produziu e produz), muito feliz, ao lado do meu novo bombonzinho, o Daniel!!!



Estou em casa, tivemos alta hoje, porque Daniel, apesar da pega maravilhosa, passou a noite do sábado sem mamar daí Dra. Dani achou melhor que nós ficássemos mais um dia. Brena me deu alta ontem. Desde ontem de manhã comecei a escrever essa mensagem mas ainda não consegui terminar.



A intenção era que fosse um mini-relato, só pra resumir o que aconteceu, enquanto ainda está fresquinho na minha cabeça!! Mas como foi tão longo e cheio de detalhes, não dá pra ser muito mini não KKKK



Daniel nasceu com 38 semanas e 5 dias pela DUM e 39 semanas e 3 dias pela ultra, com 2,890g e 49cm, num parto longo, trabalhoso, cansativo, que pôs à prova boa TODOS os meus limites, como mulher, mãe e gente, e que certamente transformou a mim e tocou muito a quem o acompanhou (tive a bênção de ter ao meu lado as médicas Brena Melo - que fez meu pré-natal e Leila Katz, com direito a participação especial de Nani, que veio, mamou, dormiu e acompanhou parte do parto; minha amiga-doula e agora comadre Ana Katz; em boa parte do TP, Marcely Carvalho e em outra parte, incluindo o nascimento de Daniel, da xará dele, Danieli Siqueira, doula, aprendiz de parteira e colaboradora do CAIS do Parto, além de Aleks, meu companheiro e pai de Daniel), meus pais deram uma passadinha e ainda teve uma chegada providencial de Roberta da Fonte no sábado à noite pra dar uma forcinha pra encher a banheira, né Beta?



Fui internada na sexta, dia 17, mais ou menos às 13h. Pouco depois começamos com a indução do TP com ocitocina. Como vocês sabem, eu desenvolvi hipertensão gestacional no final da gravidez (detectamos a partir da 36a semana) e a eliminação de proteína na urina foi aumentando gradativamente, chegando, na 3a feira, dia 14/09 (38 semanas) a 287mg/24h (o indicativo de pré-eclâmpsia é a soma de pressão a partir de 14X9 e 300mg de proteína eliminada na urina em 24h). Nesse mesmo dia começamos um lento processo de indução do parto de Daniel, com descolamento de membranas (3a à noite), aplicação de comprimido vaginal de misoprostol para melhorar o colo do útero (4a e 5a), até a internação na 6a, com uns 3cm de dilatação,mas com o colo grosso, o que é esperado para 2o filho.



Fui internada no hospital Santa Joana na sexta, mais ou menos umas 13:30, quando comecei com a ocitocina na veia. Pouco a pouco as contrações foram aparecendo, curtas, próximas e fracas, praticamente sem dor. À medida que as horas iam passando, elas iam ficando mais fortes, mas ainda nada de muito efetivo. A cada exame de toque pra verificar a dilatação, notava-se progresso, mas pouco. Tudo muito lento.



Muitas horas e alguns toques dolorosíssimos depois (pois a cada toque Leila e Brena aproveitavam para dar uma "mexida", manipulavam o colo, descolavam membranas, etc, o que fazia o TP evoluir bastante em menos tempo), na madrugada do sábado para o domingo, acho que entre 2h e 4h da manhã, as contrações simplesmente foram diminuindo de intensidade e SUMIRAM, parou TUDO. Como minha mão que tava com o soro tava doendo muito, achamos que aconteceu algo ali e o soro parou de passar. Troca a mão, troca o soro e nada. Brena e Leila deixaram a ocitocina correr solta. NADA de voltar contração. Não retomava. Conversamos, fizemos uma sessão de "análise", chorei...mas só retomou o TP depois de mais um toque, cheio de mexidas e muita, mas muita dor... Mas aí foi retomar do ZERO, umas 5h da manhã do sábado.



Umas 9h da manhã, as contrações já boas, com uns 7 pra 8cm de dilatação, como Daniel tinha baixado bastante, resolvemos romper a bolsa artificialmente; a partir daí as dores ficaram mais fortes. Só aí eu senti as famosas dores horrorosas com ocitocina. Sim, porque até então tava tudo beleza. Mas aí eram umas dores que me cortavam ao meio, só que as contrações eram curtas (pro padrão do meu corpo, porque com Gabriel elas eram longas, de 1minuto e meio, e espaçadas, as mais próximas vinham de 10/10 minutos e no expulsivo 5/5 e olhe lá, mas muito eficientes e não doíam tanto). Nesse TP dependente da ocitocina (sim, porque testamos algumas vezes e vimos que se diminuisse/tirasse a ocitocina meu corpo não respondia sozinho), elas eram curtas - máximo de 50s, e próximas, 3/3 minutos.



Nesse ponto Leila e Brena pediam que que quando viesse a contração eu me acocorasse e fizesse força, pra ajudar Daniel a descer mais, e a cabecinha dele ajudasse a terminar a dilatação do colo. Mas eu não conseguia. Tentei de tudo que é jeito me acocorar, a dor na virilha atrapalhava, as meninas me sustentavam com o rebozo (lenço mexicano que as parteiras usam), usava a banqueta de parto, me abraçava a Aleks, usava a bola, e nada. A dor era tão forte que eu não conseguia me concentrar pra fazer força, fora a dor na virilha incomodando muito. Foi quando perto das 13h, mais um toque DE MATAR. 8 pra 9cm, Daniel muito mais baixo... só que depois desse toque eu fiquei ACABADA, e Leila me perguntou se eu não cogitava a hipótese de tomar analgesia, até porque há estudos que mostram que em determinados trabalhos de parto ela ajuda a relaxar o colo e a dilatar mais rápido. Eu não sou contra analgesia, mas sou do time de que se puder evitar, melhor. E naquele momento ali o que me faltava era um jeito de eu me sentir melhor, mais confortável, pra poder me concentrar. O meu MAIOR DESEJO era poder entrar na banheira, que ironicamente estava pronta e cheia (já que muitas vezes se falava que o parto de Daniel seria tão rápido que não ia dar tempo de enchê-la), mas eu não podia usar, porque diante das paradas de progressão, tínhamos medo de que eu entrasse, relaxasse demais e parasse tudo de novo (com Gabriel, quando eu entrei na água da primeira vez, o TP deu uma parada).



Então pensei, pensei... e vi que pela dor eu ainda aguentava, meu problema não era a dor, era não encontrar posição favorável. E eu sabia que faltava pouco tempo de muita dor, era só aquele finalzinho de dilatação do colo, a pior fase...Mas logicamente estava a ponto de fazer 24h de internação/trabalho de parto induzido e o fantasma do cansaço não deixava de rondar. Foi quando me deu o estalo, que eu já tinha cogitado antes, mas não fui: ir pro chuveiro com a banqueta de parto.



Fui pra lá com Aninha Katz e Dani, e a coisa mudou de figura. Apesar das dores ainda muito fortes, a água quente nas costas foi um santo remédio, dava uma boa aliviada, e com isso eu consegui me concentrar e começar a fazer força. Como eu sempre comentei, desde o parto de Gabriel, mais uma vez eu vi a importância de se saber fazer força corretamente, o que eu aprendi na fisioterapia, essa respiração + força direcionada, respirando enchendo a barriga de ar, e onde você expira o ar e faz força ao mesmo tempo. Conversamos e falei a minha decisão: não ia tomar analgesia, e não queria mais toques. Tava perto de dilatar completamente, então logo eu entraria no expulsivo, e meu limite seriam os batimentos de Daniel.



Aninha e Dani foram almoçar, e Leila ficou comigo no banheiro. Depois de umas duas contrações e eu conseguindo fazer força, senti um "ploc", e falei pra Leila "será que foi o término da dilatação e ele tá conseguindo descer? Leila então tentou tocar pra ver, mas veio outra contração, e ela não conseguiu. Ela ainda pediu pra ver se eu conseguia tocar, mas não consegui, nova contração, mais força, daqui a pouco só escuto Leila dizendo ELE TÁ AQUI: e aí comecei a sentir a descida de Daniel; senti tudo, bem tranquilamente, fui fazendo a força com as contrações, que como esperado já não doíam tanto, senti novamente o "círculo de fogo", mas bem suave, daí a um pouco nasce meu segundo filho, mais uma vez aparado por Leila, com uma circular estilo "faixa de miss", saía do pescoço e descia pelo tórax. O novo papai Aleks cortou o cordão depois que parou de pulsar.



Pronto, depois disso, foi curtir meu pequenino, que recebeu os primeiros cuidados lá no quarto mesmo, com a pediatra de plantão, enquanto Dra. Danielle não chegava, mamou muito bem, daí fui com ele pra banqueta, uma forcinha e pronto: nasceu a placenta, rapidinho, sem dor, sem problemas. UFA!!!!



Depois disso, Brena e Leila me examinaram e períneo íntegro, só uma besteirinha na mucosa que não requereu pontos. VIVA!!!!



É isso, acho que consegui transmitir um pouco do como foi todo o processo para o nascimento de Daniel, uma experiência completamente diferente do parto de Gabriel, mas igualmente transformador.



Beijo,



Nelia

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